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9 de fev. de 2012

Série: Sherlock - 2ª Temporada (2012)

 


por Luiz Santiago

          Os produtos que saem dos Estúdios da BBC possuem a aura e o toque de Midas que a produtora cultiva a tantos anos. Um modelo único e ousado de levar à televisão entretenimento de qualidade é a cartilha da emissora, e não raro essa regra tem como produto final programas que transpiram perfeição. O caso da série Sherlock é mais um desses exemplos.

          Exibida em meados de 2010, a Primeira Temporada da série fixou um novo tempo para as aventuras do detetive, conquistou o público, e terminou com um terceiro episódio de tirar o fôlego, especialmente na sequência final, com a introdução de Jim Moriaty na série. A Segunda Temporada (2012), é tudo aquilo que um fã dos livros de Arthur Conan Doyle e da série gostaria de ver, só que melhor. Não é exagero algum dizer que se trata de uma temporada perfeita em todos os sentidos. Presenciamos a evolução das personagens, o aumento da complexidade das histórias e a adição de vilões e casos mais perigosos e mortais. Além disso, vemos que a série ganhou definitivamente um tratamento cinematográfico, executado de maneira muito competente nos três episódios.

          Se na temporada anterior os espectadores ficaram impressionados com a sagacidade dos roteiristas em trazer casos clássicos da literatura para a tela, nesse temporada, temos o mais famoso caso de Sherlock Holmes, O Cão dos Baskerville (Segundo Episódio), uma autêntica história de terror inserida num ambiente de suspense e crimes misteriosos.

          Também o romance ganhou voz na série, já no primeiro episódio, Um Escândalo em Belgravia, um episódio cujo conteúdo complexo e emaranhado deu origem ao melhor filme da série até então. As [leves] cenas de nudez ali contidas incomodaram muitos espectadores conservadores no Reino Unido, e a BBC justificou as cenas acrescentando que “foram uma forma de desmentir os boatos sobre o relacionamento homossexual entre Sherlock e Watson.”. Conhecendo bem o criador da série e roteirista do episódio, Steven Moffat, é possível que sua preocupação em manter a fidelidade do original o tenha impelido para uma ressalva na masculinidade de Sherlock, mas decerto esse não foi o leitmotiv do filme, qualquer espectador atento pode afirmar isso.


          O finale da temporada é a mais perfeita surpresa, uma combinação de inteligência e expectativa, uma aglutinação dos todos os temas trabalhados chegando ao seu último estágio. Sherlock Holmes traz à tona todos os sentimentos possíveis, em todas as personagens, e o próprio Holmes demonstra, por trás de seu palácio de racionalização, um coração e uma personalidade que se importa com os outros, mas que pode ferir, se o objetivo final é proteger as pessoas que ama.

          Os ganhos técnicos e estéticos dessa temporada não só superam a já alta qualidade da primeira, como também recriam ambientes e situações dramáticas insólitas da maneira mais instigante possível. Sherlock enrolado em um lençol, como uma túnica de um Senador romano; uma celebração de Natal com Sherlock, Watson, Molly, Lestrade e a Sra. Hudson; as alucinantes sequências na floresta e no laboratório, tudo ganha uma caracterização especial de Fabian Wagner, o diretor de fotografia dos três episódios. Na abertura da série, os tons quentes e claros dão uma ar mais familiar, convidativo e humano à história, e também a Sherlock, que se “humaniza”. No segundo filme, o trabalho com a luz não brinca apenas com sombras e ambientes escuros, mas pinta ambientes de verde, vermelho e amarelo, todos com uma força assustadora sobre o espectador. Por último, num ambiente mais diplomático, vemos uma fotografia mais plástica, clara, que ao invés de caracterizar o ambiente inteiro, faz notar os objetos em cena – um verdadeiro truque de mestre.

          A direção de arte e o design de produção dão asas à imaginação e reinventam o próprio mundo de Doyle. Tanto Paul McGuigan quanto Toby Haynes, os diretores da temporada, souberam aproveitar milimetricamente os espaços cênicos, seja através de panorâmicas ou da grande variação de ângulos para uma mesma cena. É encantador para quem assiste, ver uma série mais ou menos centrada em um espaço geográfico ter um apelo de entretenimento tão grande. O 221B da Baker Street nunca parece ser “demais” ou “repetitivo”, graças a essa escolha de rotação da câmera, seja em diversos ângulos fixos, seja através de uma steadicam que anda pelo apartamento.


          A montagem da temporada foi assinada por dois editores diferentes, Charlie Phillips e Tim Porter, profissionais que reafirmaram a estrutura cinematográfica da série. O primeiro destaque vai para a criativa flutuação de textos e palavras na tela, um atalho muitíssimo eficaz para evitar que o roteiro ou a imagem tivessem que representar mensagens de celular, observações dedutivas e processos mentais. A edição conserva o cuidado com o equilíbrio, jamais deixando que uma enorme quantidade de textos cansem o espectador, e a mesma preocupação se aplica à aceleração ou desaceleração da câmera, especialmente nas lutas ou nas observações de Sherlock. Mas a virtude maior da edição está na sequência lógica das cenas a partir de elementos do próprio cenário, tornando a continuidade fluída e suave; ou mesmo o uso de “colagens” (o que chamamos de falso-raccord), elementos não necessariamente pertencentes àquele cenário, que por uma aproximação da câmera ou uma colocação de sentido dramático, liga um ambiente a outro (no sonho, a cama de Sherlock Holmes que liga o campo, onde o esportista é morto pelo próprio boomerangue, ao quarto do detetive). Mesmo nesses falsos raccords, a estranheza provocada no espectador não é nada negativa, ao contrário, comunica a engenhosidade dos editores e impressiona visualmente.

          Sobre o elenco da série, pouco se tem a acrescentar ao que já foi dito. A dupla Benedict Cumberbatch (Sherlock) e Martin Freeman (Watson) está impecável, realmente duas almas gêmeas, uma espécie de contrário um do outro, dois amigos que se gostam muito, uma amizade que mostra o quão intensa é, nos episódios Dois e Três. Ambos cresceram dramaticamente, e mesmo as atuações se tornaram detalhadamente impecáveis – não apenas em técnica, mas em espontaneidade e emoção. Watson ganhou mais importância, se tornou um eixo inseparável das investigações de Sherlock, não apenas o amigo falador e impressionável. Sherlock se tornou mais “humano”, mostrou os atos de afeto que pode ter para com as pessoas que gosta. Até o humor se tornou algo de ambas as partes.

          Una Stubbs (Sra. Hudson), Rupert Graves (Lestrade) e Loo Brealey (Molly), também se destacaram melhor que na temporada anterior, cresceram em relação à sua importância para a dupla protagonista e ganharam um pouco de independência em suas ações. Mark Gatiss (Mycroft), é outro ator que teve sua personagem “upada”, seja na aquisição de sentimentos, seja na sua participação mais ativa na vida de Sherlock e Watson. Andrew Scott (Moriaty) perdeu um pouco a afetação do finale da primeira temporada e ganhou papel de merecido destaque, com impecáveis alterações de humor. O ator conduz a personagem divinamente, é um antagonista encantador e ao mesmo tempo repudiável, sentimentos criados pela ampla interpretação. Dos atores que interpretam personagens especiais, destacamos as maravilhosas caracterizações de Lara Pulver (Irene Adler – Episódio 1) e Russell Tovey (Henry Knight – Episódio 2).


          Não é sem motivo que a BBC exibe com orgulho as suas produções. Sherlock é quase uma afronta às outras séries, de tão bem realizada. A segunda temporada conseguiu o seu lugar cativo no coração dos espectadores, e ciente disso, os produtores não deixaram de inserir elementos da cultura popular, nerd, geek e afins, como pro exemplo, Batman e Robin, comparação feita para a dupla Sherlock e Watson em um jornal; os Smurfs, quando Watson pergunta a Mycroft porque ele e Sherlock não tinham um bom relacionamento: “Ele roubou todos os seus Smurfs, quebrou seus bonecos?”; Spok, apelido dado por Watson a Sherlock; 007, o número de um voo no episódio Um; e as muitas homenagens ao cinema de terror e às outras versões de O Cão dos Baskerville, no segundo episódio. É como se Steven Moffat e os outros produtores e roteiristas estivessem buscando algo que transcendesse o universo detetivesco de Sherlock Holmes, e não só conseguiram o que desejavam como plantaram no público a doentia semente da ansiedade pela terceira temporada.


Série: Sherlock
Status: Renovada para a terceira temporada (2013).
Diretores: Paul McGuigan (episódios 1 e 2) e Toby Haynes (episódio 3).
Duração: 1h28min.

Episódios

1 – A Scandal in Belgravia
2 – The Hounds of Baskerville
3 – The Reichenbach Fall

AVALIAÇÃO DA TEMPORADA: ÓTIMO.


20 de jan. de 2012

Série: Sherlock - 1ª Temporada (2010)


por Luiz Santiago

          Nas Táticas Elementares de A Arte da Guerra, Sun Tzu afirma que “toda luta é baseada em algum truque.”. Na literatura policial, essa afirmação se encaixa como uma luva no cotidiano dos detetives, profissionais que todo o tempo estão em luta declarada contra um grupo ou um único assassino. Sherlock Holmes é com certeza um dos detetives mais conhecidos da literatura policial, que desde a sua criação em 1887, encanta leitores pelo mundo inteiro com o seu método de dedução e sua lógica dedutiva, “truques” pessoais usados na luta contra o crime.

          Adaptadas para o cinema e para a televisão inúmeras vezes, as obras do médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle apresentam um grande potencial e apelo junto ao público, o que podemos comprovar nas mais recentes versões cinematográficas dirigidas por Guy Ritchie (2009 e 2011). Em 2010, a BBC apostou na popularidade das histórias detetivescas e produziu Sherlock, uma série baseada nas obras de Conan Doyle, mas com uma diferença: ambientada nos dias de hoje. A estrutura da série é de filmes (episódios) com 1h30min. de duração, o que facilita a adaptação da história e evita conclusões apressadas.

          Protagonizada pelos excelentes Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Martin Freeman (Dr. John Watson), a série alcançou um nível de excelência invejável, e alta aceitação do público, algo mais impressionante se levarmos em conta que não lidamos com uma história nova, desconhecida e pouco popular; mais ainda, conta-se aqui com o alto risco de uma descaracterização da personagem original, porque a história foi adaptada para o século XXI. Mas os temores se mostram infundados após assistirmos ao primeiro episódio, Um Estudo em Rosa (adaptado de Um Estudo em Vermelho, na obra original). Ver a Baker Street no século XXI e Sherlock Holmes usando GPS, computador e celular é um impulso a mais para gostar de série.


          Os figurinos, a fotografia e a montagem são os melhores setores técnicos dessa primeira temporada. Em relação à montagem, algumas inspiradas fusões e transições de cena dão à série sua característica inovadora e dinâmica. As lentes que captam Londres em plano geral são levemente distorcidas nas extremidades, dispondo na memória do espectador o tabuleiro de uma cidade enevoada e misteriosa. Nesse contexto, a maravilhosa interpretação de Sherlock Holmes como um sociopata funcional e o seu exato oposto na pessoa de John Watson, fecham o ciclo de elementos necessários para um bom show.

          Algo curioso sobre a personagem de Holmes é a sua total (e aparente) ausência de libido. Em alma, poderíamos compará-lo ao Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, cuja racionalidade suplanta as emoções. Outro fato curioso são as leves indicações de que algumas pessoas em torno do famoso detetive suspeitam que ele seja gay. Desde o episódio piloto (que seria refilmado e alongado no episódio um), há aqui e ali uma insinuação sobre a “parceria” entre Sherlock e Watson, embora os produtores da série já tenham afirmado mais de uma vez em entrevistas que "se Sherlock for gay, e quem sabe se ele é, ele não gosta de John". No último episódio, Watson faz piada com essa opinião comum sobre o amigo, opinião essa que Holmes não nega nem afirma – aliás, não é do tipo dele dar atenção às convenções sociais, boatos ou discussão de sexualidade, logo, essa postura é perfeitamente explicável pela composição dramática e psicológica da personagem.

          Sherlock é uma série de alta qualidade, bem adaptada e transportada para os nossos dias. Com um ótimo elenco e equipe técnica, não é de se espantar que a reação do público tenha sido muito positiva (a série tem 9,0 no Imdb!), e que o seu renovo tenha sido imediato – embora a segunda temporada tenha vindo ao ar apenas esse ano, dado conflitos de agenda com os atores. A série entra para a lista das melhores produções já realizadas sobre o mais incrível dos detetives da literatura policial.

Série: Sherlock
Status: Renovada para a 3ª temporada (2013).
Diretores: Paul McGuigan (episódios 1 e 3), Euros Lyn (episódio 2).
Duração: 1h28min.

Episódios

1 – A Study in Pink
2 – The Blind Banker
3 – The Great Game


AVALIAÇÃO DA TEMPORADA: ÓTIMO.



27 de dez. de 2011

Especial Friends: Ross, Joey e Chandler


por Luiz Santiago

          Uma das coisas mais legais em Friends é a forte diferença de personalidade entre os seis integrantes do elenco principal. O trio feminino já recebeu uma ótima análise do meu amigo Jorge Rodrigues, e coube a mim falar do trio masculino, composto pelos atores David Schwimmer, Matt LeBlanc e Matthew Perry, uma interessante mistura de universos e histórias de vida, dentro e fora da tela.

          Vamos começar pelo mais novo deles, Matthew Langford Perry (1969), ótimo ator de comédias e praticamente uma cria da televisão, estreando na telinha aos 10 anos, como personagem da série 240-Robert. Antes de viver o Chandler de Friends, Matthew Perry atuou em mais de 10 séries e estrelou 4 filmes: Uma Noite Na vida de Jimmy Reardon (1988); Não Mexa Com Minha Filha (1989); um telefilme fraquíssimo com Liza Minnelli no elenco, Vidas Paralelas (1994); e Vestibular da Morte (1994), onde faz um papel secundário e esquecível. Vale lembrar também que o pai de Matthew Perry, John Bennett Perry (1941), também é ator, e participou de um episódio de Friends, Aquele do Novo Vestido da Rachel (4ª Temporada). Ele faz o papel de Mr. Burgin, o pai de Joshua Burgin, paquera de Rachel na época.

          Chandler Bing é uma personagem hilária. Por ter acompanhado o divórcio dos pais na infância, ele desenvolveu um estranho modo de defesa: fazer piadas ou usar de extremo sarcasmo sempre que se vê em situações difíceis. Ele estudou com Ross Geller na faculdade, participou de uma banda, viu seu pai se transformar em um travesti e sua mãe se tornar uma famosa escritora de romances eróticos. Na faculdade, Chandler chegou a beijar um homem – acontecimento que Ross usa para zombar dele em um dos episódios da série. Em diversos episódios questiona-se a heterossexualidade de Chandler, o que é deveras engraçado, não só pelo histórico familiar de ter um pai travesti, mas porque ele tem conhecimentos muito interessantes, como saber fazer uma perfeita sobrancelha, por exemplo. Mesmo com uma vida complicada, Chandler tornou-se um adulto muito culto, engraçado e de bom coração. Por mais que tente, nunca consegue guardar rancor de ninguém, e passou muito tempo tendo azar com mulheres até se apaixonar e casar-se com Monica Geller, irmã de Ross. Chandler conheceu Joey em Nova York, e dividiram um apartamento. Começava uma amizade inseparável entre os dois. Em toda a série, Chandler e Joey são os amigos que mais se abraçam. Eles realmente se amam, e apesar da momentânea vergonha de admitir isso, acabam não conseguindo esconder. Uma das coisas interessantes sobre Chandler é que pelo menos até as últimas temporadas ninguém sabia exatamente qual era a sua profissão. Esse é o motivo pelo qual Monica e Rachel perdem o apartamento para ele e Joey, em um jogo de perguntas. Não tenho muita certeza, mas acredito que é na 9ª temporada que ele muda da área de computação para a publicidade. Matthew Perry faz um trabalho maravilhoso como Chandler Bing, seja nos momentos dramáticos, seja na comédia, o ator faz do personagem um dos mais interessantes do trio e o ponto cômico masculino da série.

Matthew Perry (Chandler Bing)

          Matthew Steven LeBlanc (1967) tem uma história artística mais ou menos parecida com a de sua personagem em Friends: um ator canastrão e mulherengo que tem dificuldade para arranjar emprego até que uma oportunidade na TV o torna famoso e rico. Filho de mãe italiana e pai anglo-alemão, Matt LeBlac começou a trabalhar como modelo e conseguiu seu primeiro papel na TV em 1989, na série TV 101. Trabalhou em mais de uma dezena de séries e estrelou dois filmes até assumir o papel de Joey em Friends: Inimigos de Guerra (1993) e Lookin' Italian (1994).

          Joey Tribbiani é um ator mulherengo e canastrão, ingênuo e de inteligência mínima. Sua amizade com Chandler é praticamente um escudo contra as coisas ruins que poderiam lhe acontecer, inclusive a falência financeira, porque até ele conseguir um papel na novela Days of Our Lives, Chandler mantinha o apartamento e as despesas da casa praticamente sozinho. Mas à parte sua vida profissional e movimentadíssima vida amorosa, Joey é a personagem mais pueril do trio masculino. Ele tem um Hugsy escondido – bem, nem tão escondido assim, uma vez que ele não consegue guardar segredos; gosta de livros com figuras e músicas de criança. Suas outras características são: o amor pelo Knicks, o pavor de envelhecer, o fanatismo por pornografia e todo tipo de sacanagem; e também pizzas, cerveja, e seus amigos. Joey é um grande crianção, mas muitas vezes tem uns rompantes de adulto, e chega a dar conselhos para seus amigos. A provocação é uma das suas características humorísticas mais legais, ao lado da grande capacidade de Matt LeBlanc usar a comédia física, algo que os diretores da série exploram bastante na personagem.

Matt LeBlanc (Joey Tribbiani)

          David Larry Schwimmer (1966), o Ross de Friends, é o único do trio masculino da série que tem uma carreira na direção de filmes e séries, além de atuar. Começou a trabalhar como ator em um telefilme, Violação Fatal (1989); e dirigiu o seu primeiro, Desde Que Nós Partimos, em 1998. Desde então, Schwimmer já dirigiu os longas Americana (2004), New Car Smell (2005), Maratona do Amor (2007), e o bem recebido Confiar (2010). Ele ainda dirigiu 10 episódios de Friends e alguns episódios de outras séries americanas como The Tracy Morgan ShowJoey e Little Britain USA.

          Ross Geller é paleontólogo, professor universitário e curador de um museu em Nova York. Mimado pelos pais e de temperamento quase bipolar, casou-se e divorciou-se três vezes, gerando dois filhos: Ben (com a primeira esposa, Carol, da qual se divorcia porque ela se declara lésbica), e Emma (com Rachel, sua terceira esposa e grande amor de sua vida). Irmão de Monica e amigo de Chandler desde a faculdade, Ross é o típico nerd que tenta não ser tão nerd assim. Ele prefere ficar em casa assistindo aos documentários da Discovery Channel, ir a uma peça de teatro ou ver um filme de arte a ter que ficar batendo papo no Central Perk com os amigos, mas é praticamente isso que ele faz a série inteira. Ross é um tanto reservado, tímido para falar de si mesmo, muito pé no chão e racional até demais. É um homem muito ciumento e dá muito valor aos seus amigos e à sua família. Também é muito convencido de sua inteligência (lembra um pouquinho o Sheldon Cooper de The Big Bang Theory). David Schwimmer não é um ator espetacular, mas tem uma boa veia cômica, e assim como Le Blanc, uma boa interpretação em comédia física, o que faz com que sua personagem esteja envolvida em ações que o façam brincar um pouco com essa face da comédia, e o resultado é maravilhoso.

David Schwimmer (Ross Geller)

          Procurei destacar um pouco da carreira dos três personagens masculinos da série Friends, suas características e posição na série. É claro que muita coisa ficou de fora, até porque, é impossível trazer informações completas e detalhadas de uma série que durou 10 anos, nem se tivesse uma postagem separada para cada um deles. Mas creio que temos acima uma visão geral e uma lembrança satisfatória desses atores e suas personagens que tanto nos fizeram e fazem rir.

Ross, vestido de "Tatu de Natal" e Chandler, vestido de Papai Noel.

No mesmo episódio, Joey aparece vestido de Superman.

Joey na cama com o seu Hugsy.

Ross, em um hilário episódio em que ele "está bem".


SESSÃO DE ABRAÇOS: JOEY E CHANDLER






5 de dez. de 2011

Série: Camelot (2011)


por Luiz Santiago


          São muitas as adaptações para a história do Rei Arthur. Seja na literatura, cinema ou na  televisão, as lendas medievais desse rei e seus cavaleiros encantam o imaginário popular e atraem a visão de muitos espectadores a cada nova tentativa de recontá-las. No caso da série Camelot, produzida pelos canais Starz e TV GK, o sucesso parece ter passado bem longe de sua fraca e insossa versão dessa história, tendo como resultado, o cancelamento do show  imediatamente após a exibição do décimo episódio.

          O Piloto (Homecoming) aborda a volta de Morgana para o reino de seu pai Uther, após ser banida. Rejeitada e humilhada pelo pai, ela decide envenená-lo, e com a morte dele, estabelece uma série de alianças para conseguir chegar ao trono. É então que o mago Merlin vai ao interior do país em busca do filho bastardo de Uther com a rainha Igraine, o jovem e irresponsável Arthur. Está lançada a sorte dessa briga familiar que custará a vida de muitos inocentes e trará à tona os verdadeiros interesses dos aliados ao novo rei.

          Ao ler a sinopse do episódio piloto, é possível vislumbrar alguma coisa do que a série promete (eis a intenção do Piloto), mas o ânimo do espectador perde-se já a partir do segundo episódio (The Sword and the Crown), e segue em queda de qualidade nos episódios seguintes, retomado um pouco a força apenas no final do sétimo episódio (The Long Night). A série se dispersa em sua trama, e acaba atirando para todos os lados a fim de encontrar um caminho seguro para seguir, mas o acaba encontrando tarde demais.

Os Personagens / As Atuações

          O primeiro erro da produção de Camelot foi escalar o ator Jamie Campbell Bower (o Caius, da saga Crepúsculo) como Rei Arthur. Para um produto de televisão, especialmente os que pretendem adaptar uma lenda de tão grande força, escalar um ator inexperiente e muito novo foi um erro. Bower é tão insatisfatório em seu papel, que somos muito mais atraídos pela personagem de sua irmã, Morgana, muitíssimo bem interpretada por Eva Green (Os Sonhadores). A evolução e desfaçatez da vilã recebe as melhores nuances na pele da atriz, que além disso, não tem ressalvas quanto a mostrar o seu belo corpo nu em alguns episódios, embora a maior parte da nudez contida na série seja apenas um trampolim vazio para o nada.


          Além de Morgana, as personagens femininas que nos chamam a atenção pela força de sua composição é a da Rainha Igraine (Claire Forlani, de Hooligans) e da freira Sybil, interpretada pela experiente e maravilhosa Sinéad Cusack. Das outras personagens femininas relevantes temos apenas mais duas: Guinevere e Vivian. No caso da primeira, a atuação de Tamsin Egerton é, num cômputo geral, insatisfatória. Apenas no episódio dedicado inteiramente à sua personagem (Guinevere, episódio 3), podemos perceber algo além da leitura de falas e movimentação pelo cenário. A personagem é pouco simpática e raramente consegue tornar uma cena em que aparece satisfatória. No caso de Vivian, a atriz zimbabuana Chipo Chung mantém uma ótima postura enigmática, o que faz de sua personagem uma boa coadjuvante.

          Das atuações masculinas já citamos o catastrófico protagonista. Mas Bower não é o único odiado da série. Joseph Fiennes, no papel de Merlin, alcança o segundo posto. Isso porque sua personagem é tão insegura, "fraca" e indecisa, que contrasta com o homem aparentemente poderoso que se viu no Episódio Piloto. Algumas atitudes de Merlin causa raiva ao espectador, especialmente a sua recusa em usar magia. Um mago que não usa magia não pode ser um mago! Morgana, nesse sentido, é muito mais respeitada na série por  fazer uso da magia (negra) para alcançar os seus propósitos. Merlin é medroso e fraco, e é de se contar em uma única mão as vezes que ele usou seus poderes para algo realmente importante para a história. Sobre a atuação de Fiennes não há muito o que dizer. Suas personagens em Shakespeare Apaixonado ou Lutero são muito melhores do que o Merlin que ele interpreta aqui. Há alguns episódios onde se apresenta muito bem, mas a maioria é realmente medíocre.

A Produção

          Em termos de orçamento, Camelot não foi uma série desprovida de recursos, e isso é perceptível na dimensão do cenário e na quantidade de takes e câmeras usados nos episódios. O design de produção e a direção de arte não é o que podemos chamar de obra prima, mas em alguns episódios são realmente impactantes. Um fato curioso sobre a equipe técnica é que a série contou com uma mais ou menos fixa.

          A direção de fotografia dos dez episódios ficou a cargo de Joel Ransom, fotógrafo de produções televisivas desde a fraca série canadense Neon Rider (1985 – 1995). Ransom imprime pouca identidade ao seu trabalho aqui. Os únicos momentos puramente inspiradores são as festas orgíacas nos palácios de Pendragon ou Camelot; as cenas oníricas; as tomadas crepusculares e as tomadas litorâneas. O diretor parece ter um apreço por luzes fracas e incandescentes, mas não vai muito além de uma exposição bela dessa preferência.


          A música da série é um dos raros itens técnicos realmente muito bons, tendo os incríveis irmãos Jeff e Mychael Danna como responsáveis. A indicação ao Emmy (embora não tenha levado o prêmio) foi justa. Os figurinos de Joan Bergin também entram nessa categoria, não havendo um único choque dramático ou cênico entre a escolha de um modelo ou cor. Ainda elejo The Tudors como a obra prima televisiva de Joan Bergin, mas guardadas as devidas proporções, seu trabalho em Camelot não faz nem um pouco feio.

          A produção artística de Tom Conroy me incomodou um pouco. Parece impossível acreditar que o diretor de arte de Café da Manhã em Plutão e The Tudors tenha deixado se levar por tanta facilidade decorativa ou pelo excesso a fim de preencher um espaço vazio na tela.

         Seis roteiristas e quatro diretores são os responsáveis por essa primeira e última temporada de Camelot. A série poderia ter dado certo se depois do Piloto, as coisas não tentassem abarcar toda a Bretanha e as suas dores. Muito conflito vazio deu lugar a verdadeiros dramas familiares, e a má construção e escolha dos protagonistas e coadjuvantes assíduos ajudaram a derrubar mais essa nova versão da história do Rei Arthur. O último episódio (Reckoning), é um exemplo do que a série poderia ter sido caso tivesse feito bom uso da história que tinha em mãos. Não se trata uma série puramente descartável, mas digamos que é um produto a que se usar uma única vez, e mesmo assim, com muita paciência, pois os efeitos anunciados na propaganda não chegam nem perto dos bons resultados prometidos.

Série: Camelot (Irlanda, EUA, UK, Canadá).
Status: Cancelada após o fim da 1ª temporada (2011).
Diretores: Mikael Salomon (3 episódios); Stefan Schwartz (3 episódios); Ciaran Donnelly (2 episódios); Jeremy Podeswa (2 episódios).

Episódios:

1 – (Piloto): Homecoming
2 – The Sword and the Crown
3 – Guinevere
4 – Lady of the Lake
5 – Justice
6 – Three Journeys
7 – The Long Night
8 – Igraine
9 – The Battle of Bardon Pass
10 - (Finale) Reckoning



SÉRIE REGULAR. ASSISTA SE TIVER TEMPO.

27 de nov. de 2011

Série: The Walking Dead – 1ª Temporada (2010)


por Luiz Santiago


ATENÇÃO: O texto contém spoilers. Caso não tenha visto a temporada, não recomendamos a leitura.


          A série The Wlaking Dead estreou nos Estados Unidos no dia 31/10/2010, pela AMC, e em pouco tempo se tornava uma sensação nas programações televisivas pelo mundo. Baseada na graphic novel de Robert Kirkman, Tony Moore e Charlie Adlard, e desenvolvida para a televisão por Frank Darabont (diretor de Um Sonho de LiberdadeÀ Espera de Um Milagre e Cine Majestic), a série de alto nível técnico e história instigante, é uma das mais bem cotadas séries da atualidade desde Lost (2004 – 2010).

          A história traz, em sua essência, as características principais dos quadrinhos, e não se propõe dar explicações sobre o apocalipse zumbi que aconteceu ao mundo, o que aumenta a carga de suspense e a possibilidade dos roteiristas trabalharem com novos dramas. Dessa estratégia narrativa, surge a coluna central da série, que nessa primeira temporada se coloca em pequenos conflitos a serem resolvidos imediatamente: o despertar de Rick no hospital, a chegada a Atlanta, o refúgio no tanque do Exército, o reencontro com a família, e a chegada do grupo ao CDC, no último episódio – aliás, um acontecimento que não existe nos quadrinhos. Esse formato de “conflito – resolução – novo conflito” pode ser perigoso, como foi para Heroes, por exemplo, mas pelo menos até o fim dessa temporada funciona muito bem.

          Formada por um elenco praticamente desconhecido, portanto, sem apelo comercial nenhum, The Walking Dead conquistou os espectadores pelo alto nível de realidade adaptada à situação extrema de um apocalipse zumbi – uma característica de produção impecável adotada pelas emissoras estadunidenses, muito tempo depois de já ser algo comum para a BBC. O design de produção, os cenários, e a excelente maquiagem dos zumbis são alguns dos elementos de destaque em todos os episódios. A fotografia que transita na escala das variações do verde, cinza e marrom, é outro louvável acerto. Destaca-se também a edição abrupta em momentos decisivos de um conflito qualquer ou esgotamento da sequência dramática, uma ótima opção dos diretores e responsáveis pela montagem dos 6 episódios dessa primeira temporada.

          Como é de se esperar nesse tipo de produção caótica sobre o fim da humanidade do modo como a conhecemos, os valores morais e éticos são questionados e superados. Que leis permanecem em vigor em um mundo de zumbis, onde os poucos humanos vivos lutam para sobreviver? E a ameaça não é dos mortos-vivos, uma vez que muitos humanos optam pelo saque e pelo crime como forma de se manterem vivos, logo, poucos são confiáveis, e até que se prove o contrário, todo desconhecido é uma ameaça. Além da luta pela sobrevivência, há um forte apelo familiar na série. 

     Os laços humanos são valorizados como essenciais à vida, mas conflitos de interesses surgem nesse meio tempo, e temos aí as subtramas contidas em cada episódio. Talvez seja nesse ponto que a primeira temporada perca um pouco de força. A divergência de algumas visões e o caminho seguido para mostrar cada uma delas pode dar a algumas sequências uma característica de “trama de isopor”, ou seja, coisas que não possuem um valor efetivo e vital para a série. Mesmo assim, trata-se de uma temporada estável, com alto nível de qualidade e tensão garantidas para todos os espectadores. A primeira temporada de The Walking Dead faz jus à fama, e se coloca como uma das melhores produções do gênero já realizadas na TV nessa década.

          Abaixo, algumas indicações de referências contidas nos três primeiros episódios da temporada. Os episódios não citados são: Episódio 4: Vatos; Episódio 5: Wildfire e Episódio 6: TS-19.

Episódio 1: Days Gone Bye
Música: Space Junk
Referências: Extermínio (2002), O Massacre da Serra Elétrica (1974), O Exorcista (1973), A Noite dos Mortos Vivos (1968).

Episódio 2: Guts
Referências: Hogan's Heores (TV, 1965), Sem Lei Nem Alma (1957).

Episódio 3: Tell It to the Frogs
Referências cinematográficas: Sesame Street (TV, 1969), Num Lago Dourado (1981).




AVALIAÇÃO DA TEMPORADA: MUITO BOM.

21 de set. de 2011

Friends e as sit.com




por Letícia Magalhães



     Inovações acontecem o tempo todo, em todo lugar. Nas ciências, na medicina, no dia-a-dia, nas artes. Basta estar atento e saber apreciar o valor dessas inovações. Na televisão, espaço em que muitas vezes “nada se cria, tudo se copia”, boas novidades podem garantir anos de sucesso, reconhecimento em premiações, legiões de fãs e um legado indiscutível.

     “I Love Lucy” inovou ao criar o formato da sit.com. Centrada no casal Lucy e Ricky, várias situações cômicas envolvendo vizinhos, família e locais de trabalho se desenrolam, divertindo o público. Pioneira, sem dúvida, mas semente da fórmula repetida em exaustão nas décadas seguintes: as séries cômicas envolviam sempre uma família ou um casal, feliz ou improvável, que se metia nas mais engraçadas confusões.

     Tudo mudaria na década de 1990. Ou melhor, um pouquinho antes, no fim de 1989: “Seinfeld” chegava para mostrar o cotidiano de um grupo de amigos. Por que não? Afinal, não dizem que os amigos são a família que nós escolhemos? A sit.com, também inovadora, espalharia a ideia de shows sobre grupo de amigos. E é isso que é Friends, como o nome já diz. Mas não é só isso. É uma reunião de situações jamais imaginadas, beirando o bizarro, com seis adultos que às vezes se comportam como crianças. E não é assim que é a vida?

     Rachel, Monica, Phoebe, Ross, Chandler e Joey estão no mesmo patamar. Não há melhores amigos ou desafetos, assim como não havia coadjuvantes. Todos tinham destaque e importância. Suas personalidades, tão ecléticas, se complementavam. E a partir delas surgiriam situações cômicas impagáveis e inesquecíveis.


     O atrapalhado paleontólogo Ross Geller era tão infantil quanto seu filho, que vimos nascer na primeira temporada e ser criado pela ex-mulher lésbica do cientista e sua companheira. Seus problemas com as mulheres levaram-no a dois divórcios antes de ficar definitivamente com Rachel Green, final feliz adiado até o último suspiro da série. A ex-patricinha, sua paixão de adolescência, precisou enfrentar a vida após ter abandonado seu noivo no altar. Monica Geller, irmã de Ross, neurótica chef de cozinha e ex-gorda, melhor amiga de Rachel e maníaca por organização. Chandler Bing (só o sobrenome já gerava várias piadas), analista de sistemas sem vocação que usava a ironia como principal ataque e defesa. Phoebe Buffay, moradora de rua na adolescência que se tornou uma artista (como cantora, é de sua autoria o hit “Smelly Cat”) e massagista ingênua e de bom coração. Joey Tribianni, ator e conquistador sem sucesso ou inteligência.

     Com personagens tão peculiares, é de se esperar que surgissem naturalmente situações engraçadíssimas. E elas deram um toque todo especial em 10 anos da série. Um meio-bronzeado, um macaco, um pato e um pintinho como animais de estimação, uma irmã servindo de barriga de aluguel para seu meio-irmão (e contando a todos que está grávida do irmão), flashbacks de uma adolescência digna de esquecimento, comemorações de Natal e de Ação de Graças desastrosas, aniversários, casamentos, funerais, viagens, jogos e disputas competitivas, conversas informais que davam origem a divertidas loucuras.

     Além de situações diversas e extremamente criativas, um time de convidados especiais fez participações que só acrescentaram ao seriado. Assim conhecemos vizinhos, namorados, ex-colegas, familiares, chefes e agentes, um mais surpreendente que outro. Grandes astros deram vida a esses personagens. Pelo dia-a-dia dos seis amigos já passaram Tom Selleck, Brad Pitt, Reese Whiterspoon, Chrisitna Applegate, Julia Roberts, Bruce Willis e Maggie Wheeler, a inesquecível e irritante Janice, ex namorada de Chandler.


     Depois de 10 anos, muitos prêmios (dentre os quais seis Emmys, de 63 indicações), a odisseia nova-iorquina dos amigos chegou ao fim. Não sem deixar um séquito de fãs e um legado cultural inegável. Por muito tempo, o corte de cabelo de Rachel foi campeão dos salões de beleza. Muitos jovens se cumprimentavam com o informal “How you doing?” de Joey. Inúmeras cópias da cafeteria Central Perk foram inauguradas mundo afora. Uma excursão surgiu com a proposta de visitar os cenários da série. E, principalmente, uma herança para as novas sit.com: a amizade como tema. Depois de Friends, vieram grupos de amigos memoráveis como “Will & Grace”, “That’s 70’s Show”, “The Big Bang Theory”... Mas isso já é assunto para outra vez...


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