APRESENTAÇÃO
por Letícia Magalhães
Ator, produtor, roteirista, diretor, enérgico, brilhante, exigente. Como definir o homem de muitas faces que nos presenteou com aquele que é considerado o melhor filme de todos os tempos? Vítima de sua megalomania? Gênio incompreendido?
Welles foi quem agitou Nova York no Dia das Bruxas de 1938, narrando A Guerra dos Mundos de H. G. Wells como se fosse um noticiário. Essa peripécia gerou-lhe um convite irrecusável para Hollywood. Ele inovou em todos os sentidos: seu primeiro filme tem uma narrativa não-linear, ângulos de câmera nunca vistos e um quebra-cabeça a ser desvendado. Tudo coroado por um final de simplicidade desconcertante, capaz de fazer o espectador praguejar pelo tempo perdido ou ficar com um incontrolável gosto de “quero mais”.
Gosto que, quando se procura saciar, não se consegue completamente. Seus filmes posteriores não alcançam a magnitude de Cidadão Kane. Fracassos de bilheteria deram-lhe fama de diretor difícil e pouco acessível. Parte de suas produções foi mutilada sem dó pelos executivos do estúdio, assassinando a essência das películas. Outros filmes confirmam o rótulo de inacessíveis, pelo menos para o público de sua época de estreia. Adaptações criativas e profundas de Kafka e Shakespeare... e o elefante branco inacabado: Dom Quixote procrastinado por mais de 30 anos.
Mágico desde a juventude, Welles nos presenteou com célebres truques de enquadramento em Kane, com ilusões de óptica em A Dama de Xangai e com seu poder de enganação no derradeiro Verdades e Mentiras. Ousado e criativo, vestiu o império romano de Exército fascista na montagem teatral de Júlio César e, no cinema, interpretou o alter-ego do poderoso William Raldolph Hearst, o amargurado e misterioso protagonista de Cidadão Kane e o nazista disfarçado de O Estranho, em que, para nossa surpresa , rabisca casualmente uma suástica enquanto fala ao telefone. Mas, acima de tudo, um cavaleiro da triste figura, com seu vozeirão inconfundível, responsável por narrações e personagens inesquecíveis, talvez vencido pelo sistema de estúdio, porém cujas criações, mesmo retalhadas, são absurdamente surpreendentes.
O VEREDICTO
1º Lugar (175 pontos)
CIDADÃO KANE
Citizen Kane
2º Lugar (162 pontos)
A MARCA DA MALDADE
Touch of Evil
3º Lugar (155 pontos)
A DAMA DE SHANGAI
The Lady From Shanghai
4º Lugar (151 pontos)
SOBERBA
The Magnificent Ambersons
5º Lugar (144 pontos)
O PROCESSO
The Trial
6º Lugar (130 pontos)
O ESTRANHO
The Stranger
7º Lugar (127 pontos)
VERDADES E MENTIRAS
F for Fake
8º Lugar (119 pontos)
FALSTAFF - O TOQUE DA MEIA-NOITE
Falstaff - Campanadas a Medianoche
9º Lugar (110 pontos)
OTHELLO
10º Lugar (95 pontos)
GRILHÕES DO PASSADO
Mr. Arkadin