1 de mar. de 2011

Especial Carlos Saura



Carlos Saura

Huesca – Espanha, 4 de Janeiro de 1932


BIOGRAFIA

     Carlos Saura Atarés, uma das mentes brilhantes da Sétima Arte na terra de Cervantes, nasceu no dia 4 de Janeiro de 1932. Ainda criança, viu o estouro da guerra civil espanhola, que levou toda a sua família para Valência em 1937, atrás do governo republicado. No ano seguinte, foram para Barcelona até o término do conflito. Surge, então, outro no cerne de sua família. Seu pai e dois irmãos rumam para Madri, enquanto ele e sua mãe voltam a Huesca. Junto às tias e mãe, Carlos cresceria num ambiente opressor.

     Em 1942, vai a Madri com sua mãe, ao encontro do pai. Logo começa a estudar no colégio Garmar. Em 1943, seu irmão, Antonio, é diagnosticado com tuberculose e a família muda-se mais uma vez, agora para um bairro mais pobre da capital espanhola. Em 1946 descobre sua paixão pela fotografia, fruto direto de inúmeras influências escolares. Monta, inclusive, um pequeno estúdio em sua própria casa. Ao terminar o colegial, decide fazer Engenharia Industrial. Para ganhar dinheiro, faz de tudo um pouco. Trabalha com tipografia e também faz design de motocicletas, outra de suas paixões. Presta serviço militar na Aeronáutica. Em 1951 faz sua primeira exposição fotográfica em Madri e abandona os estudos de engenharia para ingressar na IIEC - Instituto de Investigaciones y Estudios cinematográficos.

     Sua mãe, pianista, lhe incutiu a poesia musical. De seu irmão, pintor, veio a admiração por H. Bosch e Goya, influências que seriam refletidas adiante em seu trabalho. Com uma câmera de 16mm começa a fazer cinema, pequenos documentários e se junta a Mario Camus, Carmen Martín Gaite e Ignacio Aldecoa. Lê e vê filmes compulsivamente. Foi em 1954, ao assistir uma mostra de cinema neorrealista italiano, que toda a sua concepção cinematográfica muda. Em 1957 forma-se diretor com o trabalho Tarde de Domingo e vira professor da IIEC. Também descobre toda a obra de Luis Buñuel. Casa-se com Adela Medrano.

     No ano seguinte, nasce Carlos, seu primeiro filme. Seu documentário Cuenca é premiado no Festival de San Sebastián. Em 1959 roda seu primeiro longa, Los Golfos, que é escolhido para representar a Espanha no Festival de Cannes. Porém, a censura espanhola só libera o filme após muitos cortes. Em 1960, nasce seu segundo filho, Antonio. Vai trabalhar na produtora UNINCI, com Buñuel, e prepara sua segunda fita, Estos son tus hermanos, sobre um exilado espanhol que retorna a seu país. Porém, um filme de Buñuel vence o Leão de Ouro de Veneza e a produtora desaparece cancelando seu filme. Inaugura, então, uma exposição fotográfica junto com Ramón Massats na galeria Juana Mordó. Escreve, com Mario Camus, Llanto por un Bandido, uma coprodução que seria destroçada na sala de montagem. Selecionada para o Festival de Berlim, o filme foi um divisor de águas para Saura. A partir de então decidiu que só faria filmes em que pudesse controlar tudo.

     Em 1964, com Angelino Pons, escreve o roteiro de La Caza, excerto de Llanto por un bandido. Elías Querejeta torna-se produtor da fita, iniciando uma longa parceria que terminaria em 1981. O filme ganha o Urso de Prata em Berlim. Conhece, na Alemanha, Geraldine Chaplin, a quem propõe realizar Peppermint Frapé e com quem se casa. O filme vai a Cannes, mas não é projetado porque Saura boicotou o festival. Mas, em Berlim, fatura outro Urso de Prata. Stanley Kubrick, ao ver o filme, pede a Saura que seja o diretor de dublagem em espanhol de suas obras. E ele o fez em Laranja Mecânica e Barry Lindon. Em 1965, ele lança Stress, es tres, tres.


     Em 1969, Saura grava La Madriguera. Já com El Jardín de las delicias, de 1970, a censura espanhola é dura, mesmo com o sucesso do filme no Festival de Cinema de Nova York. Aliás, a boa repercussão do filme nos EUA lançou Saura em carreira internacional. Em 1972 filma Ana y los Lobos e na sequência La Prima Angélica, uma crônica da Guerra Civil Espanhola. Ganhou o prêmio do Júri de Cannes e também foi o fime de sua parceira com o roteirista Rafael Azcona. Em 1974 nasce seu filho Shane.

     Em 1975, sozinho, decide produzir Cría Cuervos, que estreou no dia da morte do presidente espanhol, Carrero Blanco. As críticas recebidas apontavam para o fim de sua carreira. Ele acaba indo para o Canadá com Geraldine Chaplin, que gravava Bufallo Bill and the Indians, de Robert Altman. Cría Cuervos ganha o Prêmio do Júri em Cannes. A música Por Qué Te Vas, do filme, roda o mundo junto com a película. Em 1978 faz Los Ojos Vendados, um manifesto contra a tortura sul-americana. No ano seguinte, muda de tom e faz uma comédia, Mamá Cumple Cien Años. Também é o fim de sua relação com Geraldine Chaplin. Mamá... concorre ao Oscar de filme estrangeiro. Já com Deprisa, Deprisa, ele ganha o Urso de Ouro de Berlim de 1980.

     Bodas de Sangue é sua primeira colaboração com o bailarino Antonio Gades. É também seu primeiro musical. Ainda em 81 roda Dulce Horas, último filme com Elías Querejeta. Em 1982 faz Antonieta, a história de uma mulher na revolução mexicana, e também se casa com Mercedes, sua nova companheira. Em 1983, roda o clássico Carmen, sua consagração como diretor.

     Em 1984 faz Los Zancos e uma versão teatral de Carmen, em Paris. Em 1986 lança El Amor Brujo. Resolve gravar a história de Aguirre em busca do Eldorado, filme que tornar-se-ia o mais caro da história do cinema espanhol. Em 1989 roda La Noche Oscura. Em 1990 fica furioso com a versão teatral de El Amor Brujo. Roda Ay, Carmela!, onde volta a trabalhar com Rafael Azcona, e vê seu filme se converter em sucesso de público, crítica e prêmios - faturou quatorze Goyas.

     Em 1991, com seu irmão Antonio, dirige uma nova versão de Carmen e vai a Buenos Aires gravar El Sur, onde vasculha o universo de Jorge Luis Borges. Com Sevillanas, filme de uma hora, ganha novamente o público e a crítica. No ano seguinte, dirigiu o filme oficial das Olimpíadas de Barcelona, chamado Maratón. Ganha também um prêmio emérito da Academia de cinema da Espanha. Em 1993 roda !Dispara, uma adaptação de um conto do italiano Scerbanenco. Em agosto é homenageado na França. Em janeiro de 1994 começa a rodar Flamenco e vira doutor honoris causa da Universidade de Zaragoza. Em dezembro deste ano nasce Ana, fruto de sua relação com a atriz Eulalia Ramón.

     Em 1995, junto com Antonio, estreia a ópera Carmen de Bizet, no Festival de Due Mondi, na Itália. Roda Táxi. Em junho de 1997 volta à Argentina para gravar Tango e lança Pajarico Solitario. Em seguida fez Goya en Burdeos (1999), Buñuel y la Mesa del Rey Salomón (2001). Em 2002 faz Salomé, em 2004 El Séptimo Día, em 2005 Iberia, em 2007 Fados, em 2009 Io, Don Giovanni, em 2010 Flamenco, Flamenco

     Saura, claro, não é um caso raro no cinema espanhol, repleto de excelentes diretores. Mas é, de fato, o mais espanhol de todos.


FILMES

2005 - Ibéria
1999 - Goya
1983 - Carmen
1976 - Cría Cuervos
1967 - Peppermint Frappé
1966 - A Caçada


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