por Luiz Santiago
Esse western de Rudolph Maté é um pouco incomum, por focar a trama principal na família e tê-la como motivo principal do enredo. Em outras obras de diversos diretores, a instituição familiar está como um fator indispensável, mas nesse filme, a abordagem é realmente familiar, e não digo que o resultado seja insatisfatório.
Apesar de os conflitos externos serem o grande criador da atmosfera do western, é interessante assistirmos a uma obra que dê uma nova cor a isso. O conflito aqui não acontece apenas no campo dos inimigos (índios, ladrões, políticos corruptos ou colonos), mas também no campo familiar, com duas “frentes de combate”. A questão da honra não deixa de se fazer presente, e um pouco de romantismo dramático invade o oeste machista nessa obra.
Em Trindade Violenta, os índios são apenas citados, e a burocracia e os burocratas são os vilões do Texas. A edição é o único setor do filme que não funciona a contento. Desde o ótimo começo, percebemos uma maneira estranha de organização dos planos, e convenhamos que muitos ângulos usados não são nada interessantes para a sequência. Fora isso, a ótima fotografia de Loyal Griggs e os sempre incríveis figurinos de Edith Head dão ao filme um maravilhoso visual. Lembramos um pouco das abordagens morais dos primeiros westerns dirigidos por Eastwood, e especialmente dos últimos dirigidos de John Ford. Trindade Violenta é um bom filme, mas não é um western exemplar. Penso que chamá-lo de drama-western seria mais apropriado e evitaria a condenação de fãs mais exigentes do gênero.
TRINDADE VIOLENTA (Three Violent People, EUA, 1956)
Direção: Rudolph Maté
Elenco: Charlton Heston, Anne Bexter, Gilbert Roland, Tom Tryon, Forrest Tucker, Bruce Bennett, Elaine Stritch, Barton MacLane, Peter Hansen.
FILME BOM. RECOMENDAMOS ASSISTIR.