22 de jul. de 2011

O Mágico e a falta de mágica de Sylvain Chomet



por Luiz Santiago


     Depois de dirigir duas excelentes animações (A Velha Senhora e os Pombos (1998) e As Bicicletas de Belleville, 2003), o diretor francês Sylvain Chomet conseguiu fazer um filme que agradasse a Academia (levando uma indicação ao Oscar de Melhor Animação) e que chamasse a atenção do espectador por se diferenciar bastante da maré de animações atualmente produzidas; mas que é bem menos do que se pregou, e infelizmente, uma leve queda no currículo até então irreparável do cineasta.

     Baseado em um roteiro original de Jacques Tati, Chomet traz em O Mágico (2011) a história de um artista que chega ao fim de sua carreira e se vê substituído por atrações “jovens” como estranhas bandas de rock; e por isso mesmo, passa a aceitar serviços cada vez mais estranhos. O tom desesperançoso do argumento e o lento caminhar do roteiro dão um uma atmosfera tristes ao filme, mas em algum momento, a adaptação de Chomet parece perder-se, e o filme se torna sem propósito. Visualmente e tecnicamente O Mágico é um bom filme. A trilha sonora e o não uso das falas é algo que não alcança o alto nível de As Bicicletas de Belleville mas mesmo assim funcionam a contento. O problema é que as pequenas histórias paralelas à linha narrativa central da vida do mágico não são bem ajustadas ao roteiro, e isso desequilibra tudo. O final do filme é um misto de confusão, tristeza e desapontamento, apesar de não se tratar de um produto definitivamente ruim.

     Para quem, como eu, apostou muitas fichas em O Mágico, a decepção causada pelo filme é dolorosa. Assim como a mensagem que contém, e aquilo tudo que nos deseja transmitir. A proposta é boa, como são boas também algumas sacadas internas, com destaque para a projeção de uma cena de um filme do Tati dentro da animação, mas no final das contas, há um grande vazio de significados no filme, e não me refiro a explicações, refiro-me ao “fazer sentido” das coisas em cena. Para os fãs do diretor, vale conhecer essa seu fraco exemplar; para os fãs de animação (ou de incomuns animações) e cinéfilos, vale a experiência de ver algo do Tati em pleno século XXI, mas infelizmente não podemos dizer que o filme se valha pela alta qualidade. É uma pena.


O MÁGICO (L'Illusioniste, França, UK, 2010)
Direção: Sylvain Chomet
Elenco (vozes): Jean-Claude Donda, Eilidh Rankin, Duncan MacNeil, Raymond Mearns, James T. Muir, Tom Urie, Paul Bandey.



FILME BOM. RECOMENDAMOS ASSISTIR.


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