20 de jul. de 2011

Cinderela em Paris


por Luiz Santiago


     Embora nem todas as canções dos irmãos Gershwin façam jus ao nível a que Funny Face (1957) pretendia chegar, podemos dizer que o filme só decolou por causa dessas canções. O grau de inventividade e variedade musical dão a esse filme um excelente nível cênico e psicodélico, especialmente com as ousadas coreografias (e deliciosamente estranhas, diga-se de passagem), desenvolvidas por Fred Astaire, com destaque para o balé de Audrey Hepburn num pub suburbano de Paris.

     A fotografia segue o mesmo ar de psicodelia das danças, remodelando o que se conhece de Paris. Nem é preciso dizer que os figurinos são inesquecíveis, e a boa direção de Stanley Donen consegue disfarçar bem as falhas do roteiro. A forma-produto de Cinderela em Paris é bem vanguardista, e se olharmos para as produções da Paramount na década de 1950, veremos que nessa categoria técnica, Cinderela em Paris sai na frente, mesmo que O Maior Espetáculo da Terra, de DeMille não seja um filme muito “normal”.

     Os fotogramas isolados, a experimentação com cores e a ótima ligação dos números musicais com a trama fazem desse filme um adorável exemplar da era clássica do gênero musical em Hollywood. Uma outra coisa que merece destaque é a quantidade de tomadas externas, algo um pouco incomum em musicais. Paris é realmente bem aproveitada, com locações que vão dos cartões postais às vielas esquecidas. O toque suave e impressionista da cena final é de uma beleza quase bucólica. Embora não seja um filme que funcione 100%, vale muitíssimo a pena ver e degustar. Cinderela em Paris é simplesmente um espetáculo delicioso.


CINDERELA EM PARIS (Funny Face, EUA, 1957)
Direção: Stanley Donen
Elenco: Audrey Hepburn, Fred Astaire, Kay Thompson, Michel Auclair, Robert Flemyng, Dovima, Ruta Lee, Jean Del Val, Virginia Gibson, Sue England, Alex Gerry.



FILME MUITO BOM. FORTEMENTE RECOMENDADO.

Twitter Delicious Digg Stumbleupon Favorites More

 
Powered by Blogger