6 de jun. de 2011

X-Men: Primeira Classe (2011)


por Luiz Santiago


     Para surpresa de todos os fãs dos quadrinhos X-Men, e dos que saíram frustrados do cinema após assistirem aos outros quatro filmes da franquia, a mais nova continuação da história dos mutantes, enfim, acertou em ritmo, história e elementos técnicos, assumindo a posição de melhor produção da cinessérie.

     X-Men: Primeira Classe (2011) é o quarto filme de Matthew Vaughn, que fez jus à sua escolha na disputada indicação para tão esperado blockbuster. Manipulando estrategicamente a atuação de personagens não contemporâneos aos primeiros X-Men sem interferir na história central, o diretor conseguiu realizar uma obra de amplo alcance, atendendo as demandas mais críticas de espectadores e agradando àqueles que vão ao cinema apenas em busca de explosões e tensão. O resultado é um produto maduro de uma franquia que ia mal das pernas em qualidade. Apesar do trabalho interessante de Bryan Singer nas duas primeiras sequências, não havíamos chegado a um filme que fosse bom, ou que tivesse menos erros, como acontece neste Primeira Classe.

     A trama se desenrola em torno de Erik e Charles, os futuros Magneto e Professor Xavier, mas diversas personagens coadjuvantes ganham sua devida importância, um trunfo que foi pouco explorado nos filmes anteriores, preocupados em encaixar no decorrer dos acontecimentos, cada uma das pequenas histórias individuais, caindo na estranheza do niilismo. Em X-Men: Primeira Classe, a narração paralela das duas histórias não privilegia e nem despreza vilões ou mocinhos. Todos conseguem um espaço satisfatório e mesmo quando não possuem falas (caso do personagem de Álex González, o Maré Selvagem), destacam-se por sua importância em algum momento da obra.

     O roteiro escrito a seis mãos livra-se do mal que fere esse tipo de parceria. Com tanta gente escrevendo uma história, é de se esperar que o resultado comece no nada e termine em lugar nenhum. Entretanto, temos uma linha sã de desenvolvimento fílmico, com uma história difícil de ser contada mas muito bem escrita e dirigida. A disputa entre Estados Unidos e URSS na Guerra Fria, com foco na Crise dos Mísseis de Cuba, volta agora com incontáveis referências cinematográficas, imagens da época e plena relação com a história contada, sem o famoso “encaixismo” tão comum nesse tipo de produção. O tropeço vem ao final da película, quando após uma cena apoteótica (onde todos esperávamos que o filme terminasse), uma imatura desaceleração seguida de duas sequências de isopor põem fim à obra. Mesmo assim, permanece a impressão do ótimo trabalho realizado nos 130 minutos anteriores.


     As atuações de James McAvoy, Michael Fassbender e Kevin Bacon são bons destaques do elenco, trazendo com competência as características de suas personagens. Embora uma certa preguiça nos diálogos possa ser vista no decorrer da história, não é algo que minimize o roteiro ou o trabalho dos atores. A música de Henry Jackman também se destaca pela atmosfera que imprime a cada sequência que aparece, e o filme ganha mais um ponto por não saturar de temas musicais cada plano que vemos. A edição e mixagem de som alternam com a música o trabalho de impacto do filme, gerando bons efeitos dramáticos e psicológicos. Assim também é o uso da câmera pelo diretor e algumas de suas espirituosas composições visuais, com destaque par uso do zoom, das grandes panorâmicas e das cenas de batalha.

     X-Men: Primeira Classe é um evento. Um evento comercial, vindo de uma franquia que explora o início daquilo que já conhecemos, mas o faz da melhor maneira possível. Divertimento, emocionante, provocante, o filme tem de tudo um pouco, e cada espectador terá a sua visão da obra, embora todas elas sejam pontuadas por uma conclusão unânime: enfim, um bom filme sobre os X-Men.


X-MEN: PRIMEIRA CLASSE (X-Men: First Class, EUA, 2011).
Direção: Matthew Vaughn
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, Álex González, Jason Flemyng, Zoë Kravitz, January Jones, Nicholas Hoult


FILME MUITO BOM. FORTEMENTE RECOMENDADO.

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