1 de jun. de 2011

Especial Miklós Jancsó



Miklós Jancsó

Vác – Hungria, 27 de setembro de 1921


BIOGRAFIA

     Jancsó é filho de pai húngaro e mãe romena. Estudou Direito em Pécs, recebendo seu diploma em 1944. Ele retirou a licença para advogar, mas não se dedicou à carreira jurídica. Mudou-se para Budapeste em 1946, e recebeu seu diploma de Diretor de Cinema da Academia de Artes, Teatro e Cinema de Budapeste em 1950.

     Jancsó começou sua carreira fazendo cinejornais documentais. Embora esses filmes sejam de pouco interesse na compreensão do desenvolvimento estético de Jancsó, eles deram ao diretor a oportunidade de dominar a dimensão técnica do cinema, ao mesmo tempo que lhe permitiam viajar pela Hungria Estalinista e ver em primeira mão o que estava acontecendo. Em 1958, ele completou seu primeiro longa-metragem, A harangok Rómába mentek. Jancsó hoje renega esse primeiro trabalho.

     Após esse primeiro filme, Jancsó não dirigiu outro longa até 1963, quando lançou Cantata. No entanto, não foi até o seu próximo filme, Meu Caminho (1965) que sua carreira começou a se mostrar promissora. Enquanto Meu Caminho foi recebido com modesta atenção internacional, seu filme seguinte, Os Sem Esperança (1966), foi um grande sucesso nacional e internacional, e é frequentemente considerada uma obra importante do cinema mundial (por exemplo, o crítico Derek Malcolm incluíu o filme na sua lista dos 100 maiores filmes já feitos). Na Hungria, o filme foi visto por mais de um milhão de pessoas (em um país com uma população de 10 milhões).


     O trabalho seguinte de Jancsó, Os Vermelhos e os Brancos (1967), foi uma coprodução russo-húngara para comemorar o 50º aniversário da revolução de Outubro de 1917 na Rússia. Jancsó, no entanto, localizou a ação dois anos mais tarde, durante a Guerra Civil Russa e, em vez de produzir uma celebração da luta militar comunista para tomar o controle da Rússia, ele fez um filme de anti-heroismo, que descreve a insensatez e brutalidade do combate armado. O filme acabou por ser proibido na União Soviética, e não não foi exibido por décadas. Internacionalmente, esse filme foi o maior sucesso de Jancsó, aclamado pela crítica na Europa. Em 1969, Jancsó filmou seu primeiro trabalho em cores, O Confronto. Foi também seu primeiro filme a apresentar música e dança como elementos essenciais, que se tornariam cada vez mais importantes em sua obra da década de 1970.

     No final dos anos 60, os filmes de Jancsó se tornaram mais simbolistas, os planos se tornaram mais longos e a coreografia visual mais elaborada. Essa característica encontrou pleno desenvolvimento na década de 1970, quando ele levou estes elementos ao extremo. Com relação à duração dos planos, por exemplo, Electra, Meu Amor (1974) consiste em apenas 12 planos em um filme de 70 minutos. Esta abordagem altamente estilizada (em contraste com a abordagem mais realista da década de 1960), recebeu ampla aclamação com Salmo Vermelho (1971), que rendeu a Jancsó o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes.

     No fim dos anos 70, Jancsó começou a trabalhar na ambiciosa trilogia “Vitam et Sanguinem”, mas apenas os dois primeiros filmes, Rapsódia Húngara (1979) e Allegro Bárbaro (1979) foram feitos, e a crítica respondeu com o silêncio. Na época, os filmes eram os mais caros a serem produzidos na Hungria. Durante a década de 1970, Jancsó dividiu seu tempo entre a Itália e a Hungria, e fez uma série de filmes na Itália, sendo o mais conhecido Vícios e Virtudes (1976), uma interpretação do caso Mayerling. Seus filmes italianos, porém, foram alvo de críticas bastante negativas. Ao contrário dos filmes de Jancsó dos anos 80, não houve qualquer reavaliação geral críticos de suas obras italianas, que permaneceram a parte mais obscura de sua filmografia.


     Os filmes de Jancsó dos anos 80 não foram bem sucedidos, e na época alguns críticos o acusaram de simplesmente repetir elementos visuais e temáticas de seus filmes anteriores. No entanto, mais recentemente, essas obras foram reavaliadas e alguns críticos consideram que esse período contém algumas das obras mais importantes de Jancsó. Embora alguns filmes tenham tido recepção positiva, a reação da crítica em geral foi muito dura, com alguns críticos rotulando-os como auto-paródias. Mais recentemente, os críticos têm sido mais simpáticos a esses filmes densos e muitas vezes deliberadamente obtusos, com alguns considerando os anos 80 como o seu período mais provocante, mas uma completa reabilitação tem sido dificultada pelo fato de que essas obras são muito raramente exibidas.

     Nos anos 90, Jancsó fez dois filmes que podem ser agrupados tematicamente entre as obras da década de 80, Isten hátrafelé megy (1991) e Kék Duna keringö (1992). Apesar de continuar a obra da década anterior, eles também são reações à nova realidade da Hungria pós-comunista, e exploram as lutas e tensões inerentes a essa nova realidade. Após um longo período sem dirigir longa-metragens, Jancsó volta com A Lanterna do Sr. em Budapeste (1999). O filme, em grande parte, (mas não totalmente) dispensa as longas tomadas e os movimentos de câmera coreografados, e para isso Jancsó começou a trabalhar com um novo diretor de fotografia, Ferenc Grunwalsky. A trama acompanha dois coveiros, Pepe e Kapa, enquanto tentam dar sentido às mudanças da Budapeste pós-comunista. Apesar de ironizar os jovens húngaros por sua superficialidade, o filme fez sucesso entre eles, devido à presença de hits da música húngara.

     No final dos anos 90, a carreira de Jancsó é revivida com uma série de filmes de baixo orçamento inteligentes e auto depreciativos. Apesar de todos esses filmes estarem enraizados no presente, seus últimos filmes têm demonstrado um retorno de Jancsó ao seu amor aos temas históricos. Esses filmes são muito populares entre os jovens cinéfilos, principalmente pela abordagem pós-moderna e contemporânea do cinema, o humor negro e absurdo, e a participação de várias bandas e personalidades populares e underground. Jancsó também tem fortalecido a sua reputação, fazendo aparições em vários filmes. Para além de representar a si mesmo nos seus filmes “Pepe e Kapa”, participou também em obras de jovens e promissores diretores húngaros.

FILMES


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