por Luiz Santiago
Apresentação
Além de ser o gênero mais antigo, o faroeste é também a única arte totalmente americana. Dos anos 20 ao início dos 60, sua popularidade consolidou o domínio de Hollywood sobre o mercado global de filmes.
A tradição do faroeste ambienta-o historicamente em 1850-90, época da corrida do ouro na Califórnia e em Dakota, da Guerra Civil americana, da construção da ferrovia transcontinental, das lutas contra os índios, da expansão das fazendas de gado e da viagem dos colonos, fazendeiros e imigrantes rumo ao Oeste. Época também do quase-extermínio dos búfalos e das tribos indígenas. Alguns filmes remontam ao período colonial, outros chegaram a meados do século XX, e as locações costumam ser a oeste do rio Mississipi, ao norte do Rio Grande e ao sul até a fronteira com o México.
O tema central é a civilização do agreste, domando-se a natureza, os marginais e os “selvagens” (em geral “peles-vermelhas”). São elementos icônicos os fortes e as grandes fazendas isoladas, cidades pequenas com um saloon, uma cadeia e uma rua – cenário do inevitável duelo entre herói e vilão. Os melhores exemplos, porém, são psicologicamente complexos, superando a luta de bem e mal e se aproximando da tragédia grega.
Ronald Bergan em Cinema.
O Veredicto em números
I – Para essa lista foram indicados um total de 78 filmes.
II – Na maioria das listas havia pelo menos dois western spaghetti.
III – Sergio Leone, John Ford e Anthony Mann foram os diretores mais indicados, com diversas alterações de pontuação.
IV – Lista dos filmes com pontuação inferior a 10:
9 PONTOS - Lágrimas do Céu e Banzé no Oeste.
8 PONTOS – A Face Oculta, Duelo ao Sol, Conspiração Silêncio, Mais Forte Que a Vingança, Dragões da Violência e O Cavaleiro Solitário.
7 PONTOS – Quatro Mulheres e um Destino, Três Enterros, Sabata, O Vingador Silencioso, Blindman e Sukiyaki Western Django.
6 PONTOS – Desaparecidas e Lendas da Paixão.
5 PONTOS – Viva Zapata!
4 PONTOS – Quando Explode a Vingança
3 PONTOS – Pat Garret & Billy The Kid, Pacto de Justiça, Legião Invencível e Os Filhos de Katie Elder.
2 PONTOS – O Homem do Oeste, A Face Oculta, Tombstone, Meu Nome é Ninguém e Hombre.
O VEREDICTO
1º Lugar (257 pontos)
ERA UMA VEZ NO OESTE
C'era Una Volta il West
Sergio Leone, 1968
2º Lugar (145 pontos)
TRÊS HOMENS EM CONFLITO
Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo
Sergio Leone, 1966
3º Lugar (141 pontos)
RASTROS DE ÓDIO
The Searchers
John Ford, 1956
4º Lugar (133 pontos)
OS IMPERDOÁVEIS
Unforgiven
Clint Eastwood, 1992
5º Lugar (101 pontos)
MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA
The Wild Bunch
Sam Peckinpah, 1969
6º Lugar (97 pontos)
O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA
The Man Who Shot Liberty Valance
John Ford, 1962
7º Lugar (90 pontos)
MATAR OU MORRER
High Noon
Fred Zinnemann, 1952
8º Lugar (85 pontos)
JOHNNY GUITAR
Nicholas Ray, 1954
9º Lugar (71 pontos)
BUTCH CASSIDY
Butch Cassidy and the Sundance Kid
George Roy Hill, 1969
10º Lugar (69 pontos)
DANÇA COM LOBOS
Dances With Wolfes
Kevin Kostner, 1990
OPINIÃO DOS JURADOS
Sobre Era Uma Vez no Oeste:
Até parece que Sergio Leone quando filmava Era uma vez no Oeste já sabia que este, seria uma daquelas obras irretocáveis, imortais, e eternamente cultuada. Nada de exageros, este é o maior western de todos os tempos. É fusão perfeita de cinema, música, emoção e um montão de outras sensações que exercem fundamento absoluto tanto na arte como no entretenimento. Sem meias palavras, qualquer mortal quando precisa associar o nome "western" se esse filme não vier em primeiro lugar, certamente será o segundo. É o tipo de filme que vemos sem pressa, com calma, observando cada enquadramento, degustando cada quadro, pois Leone parece ter pensando em todos os segundos do filme, como se ele quisesse que observássemos tudo o que ele queria mostrar. O escolhi por que assim como muitos, quando penso num western, a primeira lembrança que me vem é desse filme. É Claudia Cardinale, é Henry Fonda, é a gaita do Bronson, é a música de (G) Ennio Morricone. Quem nunca se pegou cantarolando algumas das músicas desta trilha?
Essa é daquelas obras em que não temos dúvida de que o universo conspirou para que ela fosse imortal, IMORTAL!
Sobre Os Imperdoáveis:
Muito mais do que uma revisão ou retomada do western (menos enfeitada que Dança com Lobos), Os Imperdoáveis é uma homenagem e ao mesmo tempo um desvirtuamento do gênero. Eastwood aglutinou o máximo de referências estético-visuais, musicais e técnicas para realizar um filme que não é em nada pontuado por virtuosismo, espantos ou coisa que o valha. O filme é seco, amargo mesmo. A fraqueza (retomada em um excelente remake pelos irmãos Coen em Bravura Indômita, no ano passado), o ódio e as intrigas internas nos grupos justiceiros aparecem aqui desligadas daquele mundo histórico perdido no tempo, inalterável. As personagens tem virtudes, mas acima de tudo, medo do erro. O herói não é o macho pura e simplesmente, ele vê algo além das zonas erógenas femininas - e isso é um ótimo reflexo dos novos tempos do western. Atuações e figurinos são ótimos. Ângulos e planos, idem. Esse filme é definitivamente uma obra prima do cinema de Eastwood e um dos melhores "novos westerns".
Pedro Veblen
Sobre o gênero western:
A minha paixão por westerns alimenta um acervo que não para de crescer. Tenho cerca de 250 filmes do gênero. O vício começou cedinho, menino, lendo Tex e assistindo com meu pai, na tevê, os clássicos vibrantes de Sérgio Leone. Anthony Mann é o mestre supremo. Vi E o Sangue Semeou a Terra e O Preço de um Homem mais de cinco vezes cada um. Infelizmente, na minha lista ficou de fora Raoul Walsh, Budd Boetticher, Sergio Leone, Sam Peckinpah, Henry King, Delmer Daves, o Jacques Tourneur de Paixão Selvagem e o Clint Eastwood de Os Inconquistáveis. Uma pena. Ford é um mestre, mas me irrita suas cenas recorrentes de humor e patriotismo. Do western spaghetti, só mesmo Leone, não me interesso nem mesmo pelos famosos O Dólar Furado ou Django.
A minha paixão por westerns alimenta um acervo que não para de crescer. Tenho cerca de 250 filmes do gênero. O vício começou cedinho, menino, lendo Tex e assistindo com meu pai, na tevê, os clássicos vibrantes de Sérgio Leone. Anthony Mann é o mestre supremo. Vi E o Sangue Semeou a Terra e O Preço de um Homem mais de cinco vezes cada um. Infelizmente, na minha lista ficou de fora Raoul Walsh, Budd Boetticher, Sergio Leone, Sam Peckinpah, Henry King, Delmer Daves, o Jacques Tourneur de Paixão Selvagem e o Clint Eastwood de Os Inconquistáveis. Uma pena. Ford é um mestre, mas me irrita suas cenas recorrentes de humor e patriotismo. Do western spaghetti, só mesmo Leone, não me interesso nem mesmo pelos famosos O Dólar Furado ou Django.
Antonio Nahud Júnior
11º Lugar (63 pontos)
O TESOURO DE SIERRA MADRE
The Treasure of the Sierra Madre
John Huston
1948
12º Lugar (59 pontos)
OS BRUTOS TAMBÉM AMAM
Shane
George Stevens
1953
13º Lugar (57 pontos)
SETE HOMENS E UM DESTINO
The Magnificent Seven
John Sturges
1960
14º Lugar (54 pontos)
RIO VERMELHO
Red River
Howard Hawks e Arthur Rosson
1948
15º Lugar (53 pontos)
CONSCIÊNCIAS MORTAS
The Ox-Bow Incident
William A. Wellman
1943
16º Lugar (51 pontos)
WINCHESTER '73
Anthony Mann
1950
17º Lugar (50 pontos)
PAIXÃO DOS FORTES
My Darling Clementine
John Ford
1946
18º Lugar (48 pontos)
RIO GRANDE
John Ford
1950
19º Lugar (45 pontos)
EL TOPO
Alejandro Jodorowsky
1970
20º Lugar (42 pontos)
BRAVURA INDÔMITA
True Grit
Joel e Ethan Coen
2010
OPINIÃO DOS JURADOS
Sobre Paixão dos Fortes: “ – Tu já estiveste apaixonado?
- Não, durante toda a minha vida eu fui garçom”...
Uma pergunta simples e uma resposta direta seriam suficientes para que este excelente faroeste entrasse para o panteão dos melhores filmes de todos os tempos, mas John Ford não se contenta com o suficiente: John Ford reescreve a História! E, para ele, História tem H maiúsculo e Henry Fonda no elenco. História tem a ver com um homem que ama uma moça, mas precisa defender a honra de sua família. História tem a ver com o ímpeto de um velho ator em declamar sonetos shakesepeareanos numa taverna repleta de bêbados defensores do progresso. História tem a ver com o próprio John Ford. Por isso, Paixão dos Fortes é mais do que História! Obra-prima!
Wesley PC>
Sobre Bravura Indômita (2010): Os Coen fazem um bom trabalho sem revisionismo, empregando o máximo de sua ironia e modo no tratamento da morte e suspense para levar a cabo essa refilmagem. Mas eu pensei que gostaria mais do resultado. Exceto a atuação principal, vi todas as atuações girarem em a caricatura e a forçosa exposição de sotaques e trejeitos do meio-oeste. O roteiro, no entanto, mostra-se uma ótima adaptação, bem como a excelente fotografia com destaque para as cenas noturnas e das angulares em panorâmicas, principalmente as que são realizadas no momento decisivo de um tiro. Bravura Indômita é um filme objetivo, simples, que não se perde em tramas paralelas. É o que é e acabou. No entanto, a fluidez obtida pelos irmãos em Onde os Fracos não tem Vez não retorna aqui. Em alguns momentos, o filme se torna até truncado, mas depois se desembaraça e segue seu caminho. As sequências finais são de uma revelação imprevisível. A corrida notura do cavalo é algo que me deixou extasiado, preso à cadeira do Belas Artes quase vazio, onde eu assistia à sessão dessa boa obra do western contemporâneo, mas que não revela o máximo que a dupla de realizadores pode dar, especialmente no que se refere à direção de atores.
Luiz Santiago
21º Lugar (35 pontos)
O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD
The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
Andrew Dominik, 2007
22º Lugar (31 pontos)
NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS
Stagecoach
John Ford
1939
23º Lugar (30 pontos)
POR UM PUNHADO DE DÓLARES A MAIS
Per Qualche Dollaro in Più
Sergio Leone
1965
24º Lugar (28 pontos)
O RIO DAS ALMAS PERDIDAS
River of No Return
Otto Preminger
1954
25º Lugar (27 pontos)
ONDE COMEÇA O INFERNO
Rio Bravo
Howard Hawks
1959
FIM DO VEREDICTO Nº2
Próximo Veredicto: Abril/2011
Data de Publicação: 30/04/2011
Relização: Júri de Cinéfilos do Cinebulição