12 de mar. de 2011

O Que Resta do Tempo (2009)



por Luiz Santiago 

          É preciso fazer um esforço para gostar de uma obra de Elia Suleiman. Seu humor ácido e incômodo inserido em realidades muito sérias, é ao mesmo tempo uma ótima estratégia narrativa e um motivo para afastar um determinado público. No caso de O Que Resta do Tempo, algumas coisas, além desse modo narrativo peculiar, parecem ter-se perdido. Até o momento em que as pescarias noturnas se repetem a tempos cada vez mais curtos e a ideia de um ciclo vital se estabelece para o espectador, as coisas pareciam ir bem. Mas penso que a partir daí essa ideia de passagem da vida como um acúmulo de realizações (ou não) frente à realidade política do país, fez tudo parecer muito solto, quase sem propósito. A coragem do diretor em retratar o tema da ocupação israelense e mostrar a visão da Palestina não se baseou na esfera declaradamente política, o que deu uma leveza impressionante ao filme. As tomadas e a montagem são muitíssimo interessantes, dialogam, literal e imageticamente com a plateia. Mas ao fim, um abismo se abre, e ficamos quase a ver navios. Não digo que não gostei do filme, e nem esperava mais dele, mas devo dizer que fiquei incomodado com o tratamento final desse filme que começa muito bem e termina praticamente sem adjetivos.


O QUE RESTA DO TEMPO (The time that remains, UK, Itália, Bélgica, França).
Direção: Elia Suleiman
Roteiro: Elia Suleiman


FILME BOM. RECOMENDAMOS ASSISTIR.

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