23 de ago. de 2010

Sinfonia Diagonal




por Luiz Santiago 


     Sinfonia Diagonal (1924) segue a mesma linha do filme abstrato de Hans Richter, Rhythmus 21: imagens e formas geométricas que preenchem a tela como uma espécie de fluxo perpétuo, e assim como no filme de Richter, a intenção de Eggeling é a junção dessas várias formas abstratas à música.

     O filme de Eggeling, no entanto, é imagética e ritmicamente mais inventivo que o de Richter. As formas diagonais e derivadas que preenchem os quadros não são formas simples. Também a quantidade de elementos que surgem, prendem e chamam mais a atenção do espectador.


     Apesar disso, para um apreciador desavisado das abstrações no cinema, o filme não tem o mesmo valor artístico e chega a irritar pelo nonsense formal e aparente despropósito. Para um olhar mais arguto, a composição quase matemática dos intervalos de tempo, e a ligação dessas formas com a música, podem ser uma experiência curiosa. Particularmente, vejo mais  eficiência nas abstrações dadaístas quando esta faz uso de objetos, porque a criação da diegese fílmica tem o mínimo de força, o que não acontece, quando se usa formas, e apenas formas. Entretanto, quando nos deparamos com esse tipo de filme, é necessário entendermos que estamos diante de uma obra de arte, e a tela, que é um tipo de palco, dá espaço para a realização do “tudo em cinema”. Nesse caso, o cinema é uma mutação artística aliada a idéias pessoais captadas por uma máquina, e Eggeling exemplifica muito bem essa ideia em sua sinfonia diagonal.


SINFONIA DIAGONAL (Symphonie diagonale, Alemanha, 1924) 
Direção: Viking Eggeling.


FILME BOM. RECOMENDAMOS ASSISTIR.

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