6 de ago. de 2010

As cerâmicas de Ilza



por Luiz Santiago


   Antes de sua estréia na direção de longas, o cineasta polonês Andrzej Wajda, ainda na Escola de Cinema de Lódz, escreveu e dirigiu um belíssimo curta-metragem, As cerâmicas de Ilza (1951), no qual narra, em estilo documental, a história da tradicional arte da cidade, e como ela se perpetuou nas novas gerações.

   Wajda conseguiu fazer uma exposição didática sem ser cansativo, contemplando a cidade Ilza desde a Idade Moderna, quando a fama das cerâmicas ali produzidas começou a se espalhar pela Europa Oriental, até a década de 1950, momento da união dos artistas em cooperativas, da fundação de uma escola de cerâmica e dos concursos que matêm viva a tradição da arte.

    Ao filmar algumas obras, Wajda dispôs fotogramas animados atrás dos exemplares em foco, em primeiro plano, executando diferentes combinações de objeto artístico mais o seu meio natural. Pela proximidade da câmera, essas cerâmicas alcançam tamanho real, dando um incrível efeito visual às sequências.


   Sob a visão de suas convicções políticas, o diretor conduz o filme por um campo nacionalista, que se ressente da ocupação nazista e inglesa no país, mas sempre empunhando a bandeira da Polônia vitoriosa, que conseguiu superar a imitação inglesa de sua produção secular, e vencer a mortandade provocada pela ocupação alemã, nos anos 1940 (a Resistência será tema de sua Trilogia da Guerra, cujo primeiro título é a estréia do cineasta em longas-metragens).

   Essa fusão do discurso político nacionalista às belas imagens dos trabalhadores e habitantes da cidade de Ilza, de seu cotidiano, paisagens, e arte, resultou numa obra de arte única, um curta-metragem que já indicava o criativo cineasta que seria aquele jovem estudante polonês.


AS CERÂMICAS DE ILZA (Ceramika Ilzecka, Polônia, 1951).
Direção: Andrzej Wajda


FILME MUITO BOM. FORTEMENTE RECOMENDADO.

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