23 de ago. de 2010

Cinema Anêmico




por Luiz Santiago



     O multiartista Marcel Duchamp procurou usar suas concepções dadaístas para criar realidades de dimensões no cinema. Em seu curta-metragem Anémic Cinéma (1926?), o artista criou diferentes mundos a cada pequena sequência.

     Embora a única coisa real do curta sejam os discos com frases dadaístas, como por exemplo, “Entre nossos artigos de quinquilharia preguiçosa, recomendamos a torneira que deixa de escoar quando não escutamos mais”, o espectador é hipnotizado pelos círculos desenhados em discos, que giram, dando uma estranha sensação de outra dimensão.

     A cada “disco-figura”, Duchamp inseriu um fotograma com um “disco-palavra”, e na alternância de uma para outro, aumentam a velocidade do giro, o tamanho das palavras e dos discos. 

     Na dimensão da linguagem, ficamos intrigados ou encantados com o que (não) significam as frases que aparecem. Na dimensão das imagens, observamos que a capacidade de observação de Duchamp era incrível, para criar, em 1929?, uma sensação que viraria formato de cinema no século vinte e um. Anémic Cinéma é uma sessão de hipnose que dura seis minutos, e pela qual todo cinéfilo deve passar.


CINEMA ANÊMICO (Anémic cinéma, França, 1926)
Direção: Marcel Duchamp.




FILME MUITO BOM. FORTEMENTE RECOMENDADO.

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