3 de jul. de 2011

Especial Straub & Huillet



Jean-Marie Straub 
Metz, França, 8 de Janeiro de 1933

&

Danièle Huillet
Paris, 1º de Maio de 1936 - Cholet, 9 de Outubro de 2006


BIOGRAFIA


     Jean-Marie Straub e Danièle Huillet conheceram-se enquanto estudantes em novembro de 1954, no IDHEC (Institut des Hautes Etudes Cinématographiques), período que também demarca o surgimento de uma exacerbada cinefilia por parte do casal. Amigo de Truffaut, Straub foi o primeiro a iniciar carreira na atividade cinematográfica, trabalhando como assistente de inúmeros mestres, alguns já canônicos, outros que se iniciavam na vanguarda francesa. Dentre eles destacam-se: Abel Gance, Jean Renoir, Alexandre Astruc, Robert Bressson e Jacques Rivette.

     Partindo para Alemanha em 1958 (episódio decorrente de uma condenação, por Jean-Marie recusar-se a servir o exército durante a Guerra da Argélia), e casando-se em 1959, Straub & Huillet fazem seu primeiro curta-metragem em 1963, 
Machorka-Muff, baseado num texto de Heinrich Böll, autor que voltariam a adaptar no futuro. Seu primeiro longa, Crônica de Anna Magdalena Bach (1968) dá início a uma produção de ritmo constante, com a realização de novos filmes em intervalos de 2 a 3 anos, em diversas línguas, das quais se destacam o alemão, o francês e o italiano. A adaptação de originais (novelas, óperas, jogos, peças, diários) é uma característica de seu cinema, assim como a perspectiva política e o rigor estético absoluto que os tornou conhecidos.

     Na verdade, o estilo do cinema de Straub & Huillet é sempre lembrado como um atrativo à parte mesmo dentro do amplo painel que a sétima arte construiu no decorrer do século. O decisivo uso de som direto (os problemas de ordem técnica relacionados ao áudio geralmente se concentravam aos cuidados de Danièle), a utilização de não-atores (num registro muito distinto do bressoniano), a eliminação de recursos tradicionais do cinema clássico (fades, fusões, raccords) são algumas marcas estilísticas que distinguem profundamente o cinema do casal até mesmo dentro de uma concepção moderna do cinematógrafo. Seu interesse por uma pureza da imagem e do som era tamanho, ao ponto de chegarem a defender que seus filmes deveriam ser veiculados no estrangeiro sem o recurso da legendagem, para não obstruir o material final.

     Admirados por alguns dos principais realizadores do cinema contemporâneo, Straub & Huillet encontrariam em Pedro Costa, jovem cineasta português, um nome que auxiliaria muito na divulgação de sua obra para além do território europeu, neste novo século. Pois apesar do reconhecimento que eles sempre tiveram por parte da crítica especializada (
Cahiers du Cinèma, especialmente a partir de Serge Daney) e dos principais teóricos do cinema, sua contribuição nunca foi devidamente apreciada por uma parcela significativa de público. O documentário de Pedro Costa, Onde Jaz o Teu Sorriso? (2001), sensível relato dos bastidores da montagem do filme Sicília! (1999), além de revelar muito das condições de produção e filmagem do casal, figura como um dos mais belos registros de amor que o cinema legou, seja num sentido conjugal, de criação, como de admiração pela imagem em movimento.

     Desde 1969, o casal fixou residência na Itália, mantendo um apartamento em Paris. Sem nunca terem gerado filhos, Danièle faleceu em 2006, vítima de um grave câncer.

FILMES




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